Com um pouco de conscientização, o nosso Planeta agradece.
A escassez de água é nossa culpa? A água, esse abundante recurso natural do Planeta, está presente no dia a dia dos indivíduos das mais diversas formas. Seja para a ingestão humana, com o propósito de matar a sede, no cozimento de alimentos, etc, como também nos mais diversos produtos que se tem disponível e que, muitas vezes, nem sequer há o conhecimento de que foi utilizada água em seu processo de fabricação.
Por conta disso, o grande problema enfrentado ao redor do mundo todo é uma contradição: por mais que a água seja um recurso abundante, atualmente enfrenta-se uma grande crise de abastecimento. Segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), estima-se que apenas menos da metade da população mundial tem acesso à água potável.
Em países desenvolvidos o consumo chega a ser de dois mil litros por dia por pessoa, enquanto que em países subdesenvolvidos é de dez a quinze litros.
O problema do estresse hídrico tem na desigualdade social um grande e principal agravante. Em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, o consumo de água doce tratada chega a ser de dois mil litros por dia por pessoa, enquanto países do continente africano, subdesenvolvidos, a média de consumo de água é de dez a quinze litros por pessoa, por dia.
A falta de recursos hídricos e a questão da sustentabilidade não é um fato isolado, de apenas alguns países, embora seja essa a forma que certas comunidades encaram. A questão da escassez de água é um problema coletivo, onde as pessoas devem ter a preocupação de que a forma com que lidam com a água pode refletir no outro canto do mundo sim e, ainda, refletir na condição do seu meio dentro de alguns anos.
O problema da água, enquanto não for encarado de forma coletiva e ainda for uma questão individual, apenas enquanto for conveniente a interesses próprios e de poder econômico e social, levará partes do Planeta a situações mais críticas ainda e, no futuro, a englobar cada vez mais outras regiões. Pesquisadores e estudiosos do tema já preveem que, dentro de pouco tempo, a água será a principal causadora de conflitos entre nações.
O crítico abastecimento hídrico não é mais questão de tensão em áreas que estamos acostumados a presenciar, como Oriente Médio e África. Atualmente, regiões do Brasil, um país que sempre se considerou dotado de fontes naturais abundantes, já enfrentam problemas com a escassez de água. Por mais que este país possua 12% do total de água doce superficial no mundo, tem-se na distribuição desigual e utilização inconsequente deste recurso como central motivo dessa crise que afeta o mundo todo.
Grande parte da água no Brasil já não possui mais a sua característica de recurso natural renovável em decorrência da urbanização.
A água de beber está cada vez mais rara entre nós. Em determinadas regiões, o desperdício chega a números críticos, de 50% a 70% do volume disponível. Além disso, o cuidado com a qualidade da água não é levada em consideração, por isso grande parte da água no Brasil, por exemplo, já não possui mais a sua característica de recurso natural renovável, em decorrência da urbanização.
Na zona rural, os recursos hídricos também estão com seus dias contados, devido a forma irregular com que são tratados. A própria vegetação, que protege as bacias das matas, é cada vez mais destruída para ser destinada a atividades como agricultura e pecuária, comprometendo as bacias hidrográficas. Por mais que sejam atividades para promover o consumo de alimentos, a realidade não é tão positiva quanto parece: se grande parte dos grãos produzidos no mundo fosse destinada ao consumo humano, a fome em muitas regiões seria um problema sanado. O problema é que 70% desses grãos, em média, são destinados ao engorde do gado para consumo de carne, cada vez maior em regiões mais desenvolvidas. Ou seja, para que as pessoas possam consumir cada vez mais carne, mais espaços de vegetação são derrubados para o destino agrícola e pecuário, maior volume de água é destinado a essa atividade, além de que cada vez mais rios são poluídos pois a utilização de agrotóxicos e os dejetos utilizados nessas atividades comprometem muito a qualidade da água.
São Paulo há tempos presencia a poluição tornar a água dos rios imprestável para consumo.
Quando pensamos em escassez de água, pensamos em desperdício de uso por parte das pessoas. Mas o que precisamos entender é que, não somente o desperdício no seu uso causa essa problemática enfrentada. A poluição, por parte das indústrias e cidades, a utilização em larga escala em plantações de grãos para cultivo e engorde de animais para o consumo exacerbado de carne e outras produções agrícolas, entre outros fatores, contribuem para que a água potável esteja cada vez mais comprometida para o Planeta. Vemos na cidade de São Paulo um grande exemplo: apesar de se situar entre a confluência de vários rios, há tempos presencia a poluição tornar muitos desses rios, dessa água disponível, imprestável para consumo.
Toda essa problemática tem na baixa eficiência das empresas o seu quadro crítico: na distribuição da água para essas atividades citadas acima, grande parte do seu volume é originado por roubos ou canalização de outras regiões. Nesse processo, as perdas por vazamento atingem de 40% a 60% do total do volume manuseado. Além disso, 64% das empresas não coletam o esgoto originado dessas atividades, contribuindo ainda mais para a poluição, já que 70% dos afluentes industriais são jogados em rios, açudes e águas litorâneas, sem contar os 90% dos esgotos domésticos que possuem o mesmo destino.
Até que ponto as minhas atitudes podem contribuir para esse cenário?
Portanto, com todas as situações citadas acima, e ainda as não citadas (pois há muitos outros casos que geram a crise no abastecimento hídrico do Planeta da mesma forma), devemos parar e pensar: até que ponto as minhas atitudes podem contribuir para esse cenário de escassez de água, mesmo que do outro lado do mundo? A resposta é unânime: muito!
Por mais que você, que está lendo esse texto agora, esteja em uma região com boa quantidade de água para o abastecimento de onde você vive, amanhã ou depois essa água estará sendo utilizada como empréstimo, para não dizer roubada, para que uma grande indústria a utilize em seus processos diários, comprometendo o abastecimento da região. Além disso, a fonte da água de onde você vive possui uma nascente, que amanhã ou depois poderá, também, ser poluída, chegando até a sua cidade. As probabilidades são muitas.
Cada vez mais estaremos lendo textos como esse, tentando conscientizar que sim, a nossa água potável poderá acabar.
Sendo assim, a vantagem que podemos ter frente a esse cenário todo, com água gelada e potável ainda em nossa geladeira, não é uma situação duradoura, nem permanente. Muito pelo contrário, cada vez mais estaremos lendo textos como esse, tentando trazer à tona essa crise e conscientizar que sim, a nossa água potável do mundo poderá acabar, e irá – se não nos unirmos, ao menos fazendo a nossa parte.
E como todos podem fazer a sua parte e contribuir para termos a escassez de água revertido?
– Por parte das pessoas, poderá haver cada vez mais conscientização na utilização da água em seus lares, como: não escovar os dentes com a torneira aberta, não tomar banhos excessivamente demorados, não lavar calçadas com a água potável (a água da chuva pode ser guardada e destinada a muitos afazeres domésticos), separar o lixo, reduzir o consumo de carne, etc.
– Por parte das indústrias e do governo, pode haver um cuidado maior frente ao saneamento e abastecimento. Por exemplo: 90% das atividades da atualidade podem ser realizadas com água de reutilização, que não somente diminuiria a demanda da água potável, mas também representaria um saldo positivo na economia, já que essa água reutilizada custa 50% a menos do que a água fornecida atualmente. Outra alternativa bacana é incorporar, nas novas construções, sistemas de aproveitamento da água da chuva, além de captação da luz solar, o que diminui o consumo da energia e, consequentemente, do gasto de água.
Para evitar a escassez de água as opções são muitas e não demandam muito trabalho. Com um pouco de conscientização, o nosso Planeta agradece.