Aprenda a Como Praticar o Perdão e Se Sentir Livre
Não somos ensinados a lidar com situações que envolvem os nossos sentimentos e emoções.
Desde criança, somos educados com alguns princípios básicos da boa educação como pedir licença, dizer por favor, agradecer. Também, muitas vezes, ouvimos de nossos pais ou dos mais velhos em geral que devemos pedir desculpas a alguém que pudéssemos ter feito algo: “peça desculpas!”. E, assim, crescemos aprendendo a como se portar de forma educada em meio às situações.
Porém muito pouco, pra não dizer raro, nos é ensinado a como lidar com essas situações internamente, isto é, quando essas situações envolvem os nossos sentimentos e emoções, principalmente quanto ao ato de pedir desculpas. Na medida em que vamos ficando mais crescidinhos e compreendendo a “vida real”, o pedir desculpas não parece mais algo tão simples e, então, deparamo-nos com o perdão – “perdoar ou não perdoar, essa é a questão” – e das problemáticas que o envolve em nossa vida.
Perdoar é um ato, mental ou emocional (espiritual eu ainda diria), de acabar com o ressentimento, raiva ou mágoa quanto a uma outra pessoa. O ato de perdoar pressupõe que alguém nos tenha feito algo que tenha nos magoado profundamente, como uma traição, um erro ou fracasso (muitas vezes, de nós mesmos) e que estamos direcionando uma culpa, uma punição.
Porém, na teoria, perdoar parece muito mais fácil do que é de fato. O ser humano, devido ao seu ego, comumente desenvolve um orgulho exacerbado frente a sua vida e às situações pelas quais passa, portanto, perdoar exige um esforço muito, muito grande. Tentar perdoar, em um primeiro momento, é muito doloroso e envolve a pessoa em um misto de sentimentos que só trazem prejuízos para a saúde mental e emocional. Perdoar é se igualar ao outro, é amá-lo incondicionalmente, e isso para o ego é quase impossível, quando cego pelo orgulho irracional.
Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra.
Com o tempo, por mais que nosso ego nos diga que aquela pessoa não merece nosso perdão por ter feito algo de tão ruim e impossível de relevar, vamos experimentando um gosto amargo do próprio ressentimento que vamos alimentando. Conforme uma frase bem esclarecedora de Nelson Mandela: “guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra”.
O que muitas vezes não paramos pra pensar é que o perdão é algo que acontece muito mais dentro da gente do que qualquer outra coisa que possamos projetar sobre o perdão. O perdão não é sobre decidir se a outra pessoa merece ou não o nosso julgamento, se a pessoa está correta ou não. O perdão é muito mais do que isso. O perdão significa a nossa própria liberdade! O fato de não perdoar faz com que criemos uma prisão a nossa volta e somente quem sai prejudicado somos nós, ninguém mais. Afinal, não é à toa que em Aramaico, a palavra perdão significa literalmente “desvencilhar-se”.
Novamente, o grande Nelson Mandela brilhantemente nos presenteia com uma frase sua: “quando eu saí em direção ao portão que me levava à liberdade, sabia que, se não deixasse minha amargura e meu ódio para trás, ainda estaria na prisão”. Portanto, que conclusões tirar a partir disso? Perdoar não é fácil, mas é possível sim e muitas vezes exige passos mais simples do que projetamos que realmente sejam.
A libertação depende de uma atitude de nossa parte e de mais ninguém.
Por mais que não seja necessário voltar a conviver com quem causou o desafeto, por mais difícil que seja esquecer de tudo, o perdão deve vir do coração e da alma, deve ser sincero, deve ser generoso. E, assim, ele nos livra do fel que derramamos em nosso próprio ser, livra-nos das amarras que nós mesmos criamos, que nos prendia a algo, a alguém, a uma situação que roubou a nossa paz interior. Perdoar pressupõe o amadurecimento de entender que nada fará apagar o que aconteceu, mas a libertação frente ao ocorrido depende de uma atitude de nossa parte e de mais ninguém.
Por isso, perdoar, antes de tudo, é se perdoar. É entender que não precisamos mais suportar algo que não precisa nos pertencer. São situações que acontecem e devemos encará-las como aprendizados, como direcionadoras de nossas relações, como formas de nos auto-descobrirmos e entendermos as nossas verdadeiras fragilidades. Pois, muitas vezes, aquilo que nos incomoda no outro é puro reflexo do que está em nós mesmos.
Não ser capaz de autoperdoar-se é não respeitarmos a nossa condição humana, uma vez que erros são normais, o problema são as exigências duras e severas que nos autoimpomos. Errar é humano e perdoar é divino. E isso não significa que somente sejam capazes do perdão seres de grande evolução. Qualquer um possui a sua própria divindade interior e é ela quem irá atuar em prol do perdão, seja aos outros ou a nós mesmos.
Perdoar é ganhar uma disputa que travamos conosco mesmo.
E como saber que realmente conseguimos perdoar? O perdão é um sentimento e sentimentos, muitas vezes, não possuem verbalizações suficientes para que possam ser explicados. Perdão é um sentimento puro que deixa um rastro de alívio, de relaxamento, de paz interior, de consciência leve e um coração feliz. Perdoar é cessar um sofrimento, é um caminho para o auto-conhecimento, de saber das próprias possibilidades e reconhecê-las como importantes e capazes de tudo.
Perdoar é voltar para casa, para a morada do nosso ser, onde podemos encontrar a verdadeira felicidade. Perdoar é ganhar uma disputa que travamos conosco mesmo. Perdoar é alcançar a vitória: a vitória com o nosso próprio interior.
Para sair um pouco da teoria e ajudar de forma prática a quem precisa exercitar o perdão, abaixo relacionamos algumas dicas e passos de como começar a praticar o perdão:
– O ódio e ressentimento são criados por nós mesmos e, muitas vezes, nem afetam a pessoa que é “alvo” de nossos desafetos. Entenda de que modo você mesmo cria os pensamentos e sentimentos e comece, pouco a pouco, a se libertar deles;
– Vingança não leva a nada e só fará com que você atraia ainda mais sofrimento para a sua vida. O melhor que você pode fazer, para si mesmo e pelo outro, é seguir adiante de cabeça erguida, paz no coração e sorriso no rosto;
– Compreensão e compaixão estão intimamente ligadas. Compreenda por que tudo aconteceu, entenda que aquilo que você julga errado pode ter mais relação sobre quem você é do que de fato algo que a pessoa fez. E, então, tenha compaixão pela situação e pelo outro, e até por si mesmo. Errar é humano e perdoar é divino, portanto, exerça a sua divindade. Transforme o que é ruim em algo bom, você é capaz disso! E quando você menos esperar, sua vida será abençoada com prosperidade. Semelhante atrai semelhante, não esqueça disso;
– Mude a perspectiva com que você enxerga as situações. Pare de focar no lado negativo das coisas e passe a focar no lado positivo. Todo acontecimento traz consigo um aprendizado e, geralmente, ele serve como um direcionador para a nossa vida, seja nas situações, seja nas relações, seja frente a nós mesmos. Liste as mudanças para melhor que aconteceram na sua vida após o desafeto ocorrido;
– Acima de tudo, use o perdão com sabedoria. Perdoar não significa ser conivente nem abandonar os seus princípios de vida. Perdoar é também exercer o respeito, principalmente a si mesmo. Como já comentamos, perdoar é um sentimento. Portanto, saiba diferenciar o que está ocorrendo no seu interior, como seu coração se sente, e então você estará conseguindo praticar o perdão de forma sábia e verdadeira.