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Mais Que Um Novo Brasil, Precisamos De Um Novo Brasileiro

Há uma característica enraizada no brasileiro que precisa ser transformada. Algo que, se não for tratado, fará com que tudo aquilo que tanto reclamamos nos últimos meses nunca deixará de existir. Precisamos de um novo brasileiro.

Vivemos um momento de águas turbulentas e lamacentas. Temos várias crises acontecendo ao mesmo tempo, impactando nosso presente e deixando incerto o nosso futuro. Crise política, econômica, orçamentária, ambiental… Crise de confiança na nossa capacidade de recuperação. E tudo isso eventualmente vai passar. Sempre passa. Mas há algo mais enraizado no Brasil que precisa ser reconhecido como a causa do problema e que precisa ser transformado. Algo que, se não for tratado, fará com que tudo aquilo que tanto reclamamos nos últimos meses eventualmente voltar.

Precisamos de um novo brasileiro

É preciso generalizar para que haja um consenso sobre a mudança: o brasileiro precisa perder o ímpeto, a vontade, de querer tirar vantagem sempre que for possível. Precisa perder o “jeitinho brasileiro“. Esta é a causa raiz dos nossos mais famosos títulos: malandro, corrupto, aproveitador, inconfiável. E não se trata de ambição. Trata-se da falta de ética e moral na hora de se aproveitar uma oportunidade. Trata-se do pouco apreço às leis que regem uma situação onde pode-se obter qualquer vantagem, principalmente se for financeira.

Este desejo de tirar vantagem em uma situação, ou seja, de obter ganhos para si não importando o que precise ser feito, está enraizado em nossa cultura. Infelizmente, ela se espalhou de tal forma que achamos normal. Os noticiários carregados de informações tristes não nos surpreende mais. Pior ainda, nós mesmos estamos a todo tempo tirando vantagem de uma situação mesmo sabendo que é errado. Olhe a lista abaixo e veja como vários dos itens são terrivelmente corriqueiros:

  • Pegar contramão;
  • Não dar nota fiscal;
  • Tentar subornar o guarda para evitar multas;
  • Falsificar carteirinha de estudante;
  • Dar/aceitar troco errado;
  • Furar fila;
  • Comprar produtos falsificados;
  • No trabalho, bater ponto pelo colega;
  • Falsificar assinaturas;
  • Fazer “gato” de TV à cabo, água e luz;
  • Colar na prova e/ou copiar trabalho acadêmico da internet;
  • Apresentar atestado médico falso;
  • Desrespeitar lugar reservado no ônibus e vagas de estacionamento especialmente demarcadas;
  • Declarar informações falsas no IR e sonegar impostos;
  • Mentir sobre pequenos fatos do dia-dia (dizer que não está, dizer que fez o que não fez, etc..);
  • Pagar propina para obter pequenas vantagens em órgãos públicos ou particulares;
  • Jogar lixo na rua;
  • E tantos outros exemplos.

Quantas vezes fazemos alguma das ações acima ou vemos, de forma passiva e conivente, outra pessoa fazer? Aceitamos estes fatos dentro do nosso cotidiano, sendo que para cada uma destas “pequenas corrupções” há dezenas de leis sendo passadas por cima, além da quebra da boa moral. Nos colocamos em primeiro lugar independentemente das consequências e independente do próximo para obter uma vantagem, seja ela qual for.

Mas por qual motivo somos assim? Até onde podemos justificar esta postura de incapacidade de perceber os efeitos das pequenas corrupções como sendo cultural, como sendo tradicional do povo brasileiro? Não devemos justificar, e aí é que está o problema. Ao não reconhecer que vivemos em uma sociedade problemática, nos tornamos coniventes. Ser conivente com tais atitudes nos torna hipócritas no momento que reclamamos de qualquer uma das crises que assolam o Brasil. Como reclamar de algo que praticamos no dia a dia, em escala menor? O problema não está na escala, está na postura corruptiva, na postura da vantagem, em aceitar o “jeitinho brasileiro”.

A transformação que exigimos dos políticos, as atitudes que tanto criticamos, estão justamente enraizadas em todo o cotidiano. Estão enraizadas em nós, cidadãos. O que o político pratica é reflexo do que o povo pratica. O bom senso, aquele sentimento compartilhado do que é o certo a ser feito, é barrado pelo desejo de tirar vantagem. Exigiremos uma postura correta e saberemos distinguir uma postura correta a partir do momento que praticarmos a postura correta.

Como fazer surgir um novo brasileiro?

Precisamos evidenciar que esta péssima postura da vantagem, do autobenefício, é a grande responsável pela corrupção no Brasil. Precisamos assumir a bandeira da honestidade, da convivência em grupo, do descontentamento não somente pelos péssimos políticos que temos, mas do péssimo brasileiro que somos. Precisamos exigir esta postura correta da sociedade, plantar dentro de nossas casas, promover nas escolas e, o mais importante, executá-la no dia a dia. O melhor exemplo é aquilo que realmente praticamos.

E, da mesma forma que as péssimas práticas se alastram e contaminam a nossa sociedade, as boas práticas transformarão nossa convivência. Um lar honesto produz uma família honesta, que produz um grupo honesto, que produz uma escola honesta, que produz um bairro honesto, que produz uma cidade honesta, que produz cidadãos honestos, que produzem uma sociedade honesta e que produz políticos honestos. Nossa atual desonestidade produz políticos desonestos.

A mudança se inicia com você, comigo. Nós temos que fazer a nossa parte. De nada adianta cortar uma folha se a doença está na raiz. Promova a honestidade, pratique a honestidade, pratique o respeito ao próximo. Se há uma lei que não concorde, existem caminhos democráticos para se contestar. Quebrá-la, pulá-la, só te fará ser desonesto. Estamos longe de sermos uma sociedade perfeita, mas este tem que ser o nosso objetivo. É pensando em termos um ambiente perfeito que nos esforçaremos para alcançá-lo.

O brasileiro precisa de uma nova versão de si e não há momento melhor para buscar a mudança do que o agora.

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